quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Divagações sobre comer, rezar e amar


O filme "Comer, rezar, amar" me trouxe algumas divagações...

Divagações pessoais:

Perder o prazer de se alimentar; desconhecer a fé e forçar-se a uma infelicidade conjugal, em nome do controle, de um (des)equilíbrio...Vazio diante da vida apesar do "sucesso" pessoal e profissional - assim que se sente a personagem de Julia Roberts (Liz) no interessante "Comer, rezar, amar", em cartaz. Uma “felicidade” que faz acreditar que está tudo sob controle, quando se está mascarando um profundo descontentamento com a existência. A cena em que ela reza pela primeira vez é instigante – as lágrimas do desespero diante do se dar conta do vazio...
Tudo bem que os italianos e brasileiros são mostrados de modo meio caricatural, mas as belas imagens do filme valem cada centavo do ingresso.
Na autobiografia cinematográfica, Liz vai percorrendo novos lugares, conhecendo pessoas e redescobrindo sentidos à existência. Os momentos de despedida gerados pelas viagens são tocantes, assim como os aprendizados e transformações geradas pelos contatos com as pessoas.


Divagações teóricas:

As atividades turísticas encontram-se atreladas a um processo de percepção, e também a um processo histórico de significação. Estar em uma nova cidade, em contato com outras pessoas e uma outra cultura, remetem o sujeito à alteridade, enquanto a percepção e negociação da diferença, possibilitando o reconhecimento de si mesmo (minha identidade, diferente de um outro). As cidades caracterizam-se como espaços onde mais encontros se dão, sendo lugares possibilitadores de percepção das diferenças.
A personagem da Roberts adentrou em uma dimensão lúdica, na qual vivenciou a ruptura com o trabalho e das atividades cotidianas, possibilitando descanso e diversão. Verificamos a suspensão da rotina como algo bastante significativo nessa experiência de viagem.
As experiências de percepção de Liz, possibilitam-nos refletir sobre a necessidade, nos dias atuais, dos sujeitos reservarem um espaço e um tempo para perceber-se, como também perceber o mundo que nos rodeia, sensibilizando-nos (trechos adaptados do trabalho apresentado em SP – total relação com o filme!).

3 comentários:

Lorena Portela disse...

pois é... eu li o livro e gostei bastante!

ainda não vi o filme, mas vou ve-lo neste fim de semana, acho q vou gostar tb!

e o seu texto é uma ótima percepção disso tudo.

beijo.

Wolney Batista disse...

Ponto pra ela que tem dinheiro pra dar a volta ao mundo e se encontrar quando passa por alguma dúvida existencial. E nós, mero mortais, que não somos trilhardários, como nos encontramos?! Como vivenciamos outra cultura?

Maria Cacundê disse...

Não vi o filme, mas li o livro ano passado e achei fantastico!
A cena dela rezando a primeira vez, na minha imaginação (já que nao vi o filme) foi muito intensa!